Charles Miller, um brasileiro que estudava na Inglaterra e lá teve contato com o futebol e, em 1894, trouxe uma bola e um conjunto de regras para o Brasil. A primeira partida de futebol no Brasil foi realizada em São Paulo, no dia 14 de abril de 1895. As equipes participantes eram o São Paulo Railway e a Companhia de Gás e eram formadas por ingleses que viviam na capital paulista. O primeiro time contava com a participação de Charles Miller, considerado o pai do futebol brasileiro, pois trouxe as duas primeiras bolas de futebol para o país em 9 de junho de 1894. A partida foi vencida pelo primeiro time por 4x2.
Em 1901, foi criada a Liga Paulista de Futebol, que realizou posteriormente o primeiro Campeonato Paulista. O time de Charles Miller era uma sensação e foi tricampeão paulista. Os clubes que surgiam estavam se organizando e, até 1919, quase todos os estados brasileiros já possuíam um campeonato regional e sua federação. Em 1914, foi criada a Confederação Brasileira de Desportos (CDB), que administrava outros esportes além do futebol.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi criada em 1979, após a dissolução da CDB. É a entidade que administra o futebol brasileiro e possui 27 federações estaduais vinculadas. Sua sede é no Rio de Janeiro e organiza os principais campeonatos nacionais. O dia do futebol é comemorado no dia 19 de julho.
As maiores torcidas do Brasil estão concentradas na região sudeste. O Internacional (RS) ocupa a 7° colocação e é o time que possui mais torcedores na região sul. O Cruzeiro (MG) fica em 6° lugar, com cerca de 3% dos brasileiros. O Vasco da Gama (RJ), fundado em 1898, conta com a torcida de 4% dos brasileiros. O Palmeiras (SP) conta com 6% da torcida nacional, com 2% a mais e na 3° colocação fica o São Paulo (SP), que foi criado em 1930. Conhecido por sua torcida apaixonada, o Corinthians (SP) foi fundado em 1910 e ocupa o 2° lugar no ranking de torcidas, com 14% da torcida brasileira. O primeiro lugar é ocupado pelo Flamengo (RJ), com 17% de torcida e com grande preferência da população nordestina.
Devido à simplicidade do futebol e suas poucas regras, ele se popularizou rapidamente no Brasil. Para a realização de uma partida, é necessário apenas uma bola e um local para praticar. É um esporte imprevisível e os brasileiros buscam essa emoção da partida constantemente. O futebol proporciona uma maneira de expressar a forma brasileira de ver os esportes e se diferencia dos outros países. O futebol traz para o brasileiro um sentimento de nacionalismo e união, que só esse esporte proporciona e é capaz de unir multidões por um só propósito.
O Brasil conta com três campeonatos: o mais importante o Campeonato Brasileiro, é dividido entre séries as A,B,C e D, a Copa do Brasil e a Copa do Brasil de Futebol Feminino.
O primeiro campeonato brasileiro ocorreu em 7 de agosto de 1971 e teve como campeão o Atlético Mineiro. A ideia surgiu da Confederação Brasileira de Desportos, atual Confederação Brasileira de Futebol.
O brasileirão, como a competição é conhecida, já contou com vários tipos de regulamentos e sempre teve seus jogos envolvidos em desorganização e escândalos. O principal torneio do Brasil foi criado no lugar dos torneios Robertão e a Taça Brasil para definir a classificação dos representantes brasileiros em torneios sul-americanos.
Um dos maiores problemas iniciais do campeonato foi a falta de padronização dos jogos, pois as regras eram alteradas anualmente, o que prejudicava não só os clubes como torcedores e jogadores. Atualmente, o campeonato segue o Estatuto do Torcedor que estabelece que a competição deve ter o mesmo regulamento por três anos consecutivos.
A série A é disputada por 20 times em sistema de turno e returno, sendo que o clube que somar mais pontos no decorrer do campeonato é sagrado campeão, os quatro últimos caem para a segunda divisão e as demais classificações são garantia de vagas nos campeonatos sul-americanos e nacionais (Libertadores, Copa Sul-Americana e Copa do Brasil).
Esse modelo de competição foi implantado em 2003 e no começo foi recebido com receio pelos times, mas atualmente se tornou uma unanimidade eles, pois essa fórmula trouxe emoção e transformou o campeonato brasileiro em um dos campeonatos nacionais mais competitivos do mundo.
A série B é disputada por 20 equipes no modelo turno e returno e os quatro últimos colocados descem para a série C, que tem a participação de 20 clubes e não é disputado no formato de pontos corridos. A série D foi criada em 2009 e conta com a participação de 40 clubes indicados pelos campeonatos estaduais.
Em 1989, foi criada a Copa do Brasil, competição em formato eliminatório, que conta com 64 equipes provenientes de campeonatos estaduais ou torneios e também do ranking da entidade, com cada estado, tendo pelo menos um representante. O campeão da Copa do Brasil se classifica para a Copa Libertadores.
Quando o campeonato brasileiro termina, o país fica cinco meses sem realizar sua principal competição. Os times passam por um período de férias e preparação e tem início os campeonatos estaduais. Eles acontecem em todos os estados e possuem características e regulamentos distintos. Os principais campeonatos estaduais do país são: campeonato paulista, campeonato carioca, campeonato gaúcho e campeonato mineiro.
Criada em 2007, não conseguiu aumentar o sucesso do futebol feminino no Brasil apesar de ter o incentivo do Ministério do Esporte. Principalmente pela falta de qualidade técnica dos times e à falta de mais incentivo.
O Brasil é considerado o país do futebol, no lugar da Inglaterra onde o esporte foi criado. A explicação para esse amor pode ser explicada pela conquista de cinco Copas do Mundo. Em tese, o sucesso desse esporte não refere-se somente a isso: Gilberto Freyre defendia que o talento do brasileiro para o futebol era graças à grande miscigenação dos povos e suas raças. Entretanto existem outras explicações.
Para alguns estudiosos, o futebol é considerado uma manifestação cultural, que no Brasil se deu de uma forma mais abrangente e que conseguiu transformar esse esporte em uma característica do povo brasileiro. O intenso fanatismo desse esporte e a sua capacidade de atrair multidões fizeram com que ele fosse perdendo o prestígio entre os intelectuais e ganhando força nas classes abastadas da população. Os políticos usavam esse fanatismo em seu benefício e apoiavam o futebol, para conquistar aquele grande número de torcedores.
Após a Copa de 50, os meios de comunicação passaram a acompanhar mais esse esporte, de uma forma que enaltecia os ídolos de cada time e divulgava as partidas e os campeonatos. O crescimento econômico, ocorrido na década de 50, é visto como um dos motivos para o crescimento do futebol. Nessa época, surgiram vários campos nas cidades e as pessoas puderam praticar o esporte em qualquer lugar.
Nos anos 90, o Brasil começou a sofrer com o êxodo de jogadores para o exterior, sendo considerado um exportador de atletas em potencial. O sucesso dos jogadores brasileiros no exterior é considerado excepcional e eles saem do país cada vez mais cedo para jogar nos times estrangeiros em busca de reconhecimento.
Eles fazem sucesso no time principal e, em pouco tempo, assinam um contrato com um time de outro país. A saída de jogadores é o retrato da crise dos times nacionais, que não conseguem manter seus jogadores. Os atletas saem do país de maneira precoce e a FIFA já demonstrou preocupação com a saída repentina desses pequenos craques.
A lei Pelé, que estabelece o fim da Lei do Passe, e nela é estabelecido que o atleta não é mais considerado uma propriedade do clube. Foi criada em 1998, sendo considerada pelos times de futebol como principal culpada pela saída em massa de tantos jogadores. Para muitos o grande prejuízo da lei é o menor investimento nas categorias de base, pois se o jogador não tiver um vínculo com aquele time, ele acaba sendo comprado por outros mais poderosos e com maior poder de investimento.
Grande parte das contratações dos jogadores são para países como a Turquia, Itália, Espanha, Inglaterra, Portugal, dentre outros. Os principais motivos para a saída tão precoce dos jogadores brasileiros é o alto salário pago pelos clubes estrangeiros, a busca pela independência financeira ou um contrato tentador.
A falta de organização do futebol também é considerado como aspecto crucial para que tantos jogadores busquem o sucesso em outro país. Apesar de toda a expectativa, muitos atletas, ao chegar nesses países, sofrem com a falta de adaptação ao local, principalmente em regiões frias, e isso reflete diretamente em seu desempenho em campo e influencia no aspecto psicológico.
Os estádios brasileiros possuem diversos problemas, como a falta de acesso à entrada dos estádios, falta de lugares marcados, pouca conservação e a venda dos ingressos. Apesar de diversos problemas, o Procon recebe poucas reclamações sobre o assunto e a explicação para isso pode ser apontada na percepção do torcedor de não querer prejudicar seu time.
A maioria dos estádios nacionais não está pronto para dar um bom atendimento ao consumidor. Dentre eles, 70% estão localizados na região sul e sudeste, sendo que o país conta com 200 estádios particulares. Mais de 50% dos estádios têm capacidade abaixo de 5 mil lugares.
No passado, os estádios tinham uma capacidade bem maior do que tem atualmente. O Maracanã, por exemplo, já teve 183 mil pagantes em uma partida de futebol (Brasil1x0Paraguai em 1969). Na final da Copa do Mundo, em 1950, mais de 200 mil pessoas assistiram à derrota da seleção brasileira.
Após diversas reformas, o Maracanã chegou a contar com aproximadamente 92 mil lugares e foi reformado para sediar a final da Copa de 2014. O Estádio das Laranjeiras é o mais antigo do país e começou a ser criado em 17 de outubro de 1902.
Várias tragédias no futebol brasileiro são decorrentes do descaso com os estádios. Em 2007, no empate em 0 a 0 entre Vila Nova e Bahia, uma parte da arquibancada cedeu e vários torcedores caíram no vão, deixando pelo menos 7 mortos. Na época, o estádio era considerado o pior do país; porém, naquela partida, chegou a receber 60 mil torcedores. Em 2000, no Estádio São Januário, o alambrado caiu no jogo entre Vasco e São Caetano, deixando mais de 100 pessoas feridas e a partida foi cancelada. Em 1992, na final do campeonato brasileiro, a grade da arquibancada superior caiu sobre as cadeiras e três pessoas morreram.
Os quatro maiores estádios do país não se adaptam as condições de segurança e a ausência de normas é apontada como motivo para isso ocorrer. A solução para a melhora da qualidade dos estádios nacionais seria uma fiscalização nacional que analisasse a qualidade, segurança e monitoramento neles. As adaptações devem se espelhar nas normas internacionais, mas que sejam adequadas a realidade brasileira.
O Estatuto do Torcedor traz um capítulo que trata somente das condições de alimentação e higiene dos estádios. Nesse capítulo, é estabelecido que de responsabilidade do Poder Público, por meio dos órgãos de vigilância sanitária, fiscalizar as instalações internas e a qualidade dos alimentos servidos no local. A maioria desses espaços não são rentáveis, pois não há investimentos e os clubes lucram apenas com a bilheteria. A solução encontrada por muitos é alugar suas arenas para shows e eventos.
Com diversos problemas nos estádios e no futebol brasileiro, o Congresso Nacional estabeleceu medidas para diminuir os casos de violência e desrespeito nos jogos dos campeonatos nacionais. Foi criada a Lei 10.617, em maio de 2003, que ficou conhecida como Estatuto do Torcedor. Foi estabelecido no estatuto que condutas violentas, invasão e tumulto passariam a ser considerados crime. O trabalho dos cambistas passou a ser ilegal, assim como qualquer caracterização de fraude nos jogos.
A Lei 12.299/10, que foi sancionada em julho de 2010, altera o Estatuto do Torcedor e visa transformar os estádios em lugares mais confortáveis e seguros. As principais mudanças no Estatuto do Torcedor são:
Quem provoca tumulto e violência em eventos esportivos pode sofrer pena de reclusão de um a dois anos. Objetos que possam servir para a prática de violência ficam proibidos de entrar no estádio. Outra mudança relevante reflete naqueles que cometem crimes fora do estádio, seja indo ou voltando desse evento esportivo e poderá sofrer punições por isso.
O torcedor tem obrigações que garantem sua permanência nos estádios. Dentre elas, estão a de não carregar objetos, bebidas ou substâncias que promovam a violência, não portar cartazes com mensagens agressivas, não entoar cânticos discriminatórios, dentre outros.
Vender ingressos a um valor menor que o da bilheteria passa a ser crime, com pena de um a dois anos e multa. Quem facilitar a venda irregular pode receber punição de dois a quatro anos e multa.
Tentar alterar o resultado de um jogo pode causar punição com reclusão de dois a seis anos e multa.
Os estádios devem manter uma central técnica de informações, que antes era estabelecido para arenas com capacidade a partir de 20 mil torcedores e agora passou para 10 mil torcedores. Os eventos esportivos deverão ter monitoramento e catracas para o acesso ao estádio.
Outra mudança foi o cadastro dos membros de torcidas organizadas, para que o grupo se responsabilize por atitudes violentas de seus integrantes. Se ocorrer tumulto de alguma torcida organizada, esta poderá ser punida por até três anos, com a proibição da entrada nos estádios.
Aquele que portar cartazes ou bandeiras com mensagens ofensivas ou cantar músicas racistas e xenófobas deverá ser proibido de entrar em uma arena esportiva.
A Inglaterra e a Escócia realizaram a primeira partida disputada entre mulheres em 1898. A primeira partida de futebol feminino no Brasil ocorreu em 1921, entre as senhoritas tremembenses X as senhoritas catarinenses. O primeiro time feminino do país foi o Araguari Atlético Clube, em Minas Gerais e iniciou as atividades em dezembro de 1958.
A prática do futebol feminino sempre teve muitas dificuldades no Brasil. Chegou até a ser exibido em circos como atrações curiosas. Existem várias questões que explicam o preconceito e os aspectos culturais de uma sociedade são fundamentais para o número pequeno de escolinhas focadas no futebol feminino. As crianças aprendem que homem realiza o trabalho e a mulher fica em casa cuidando da família. Isso ocorre em vários países e as mulheres ainda são oprimidas e desrespeitadas.
As mulheres que decidem seguir essa carreira sofrem com a falta de incentivo e o preconceito de uma cultura machista. É um esporte considerado amador, mas é preciso ter vocação. Em sua maioria, as jogadoras não são registradas em nenhuma federação esportiva ou junto à CBF. Por causa disso, nem todas as atletas recebem salário ou ajuda de custo de seus clubes, e muitas ganham menos que um salário mínimo. A falta de patrocínio e divulgação são as maiores barreiras enfrentadas no Brasil para a prática do futebol feminino.
Um fato que comprova essa barreira entre os gêneros é o Decreto-Lei 3.199, de 1941, que ficou vigente até 1975, quando ainda era proibida a prática de futebol para as mulheres. Já em 1964, o Conselho Nacional de Desportos(CND) proibiu o futebol feminino de ser praticado e essa decisão somente foi anulada em 1981, mas elas não poderiam se profissionalizar.
Em 1996, o futebol feminino foi incluído na lista dos esportes olímpicos e o Brasil conquistou o 4° lugar, o que ajudou a impulsionar o esporte no país. A Seleção Brasileira vem conquistando mais espaço e prestígio e isso atrai meninas que desejam seguir a carreira no futebol. Alcançaram o 4° lugar nas Olimpíadas de Atlanta e Sidney e foram medalhas de prata nas olimpíadas de Atenas e Pequim. Em 2007, a seleção feminina conquistou a medalha de ouro, no Brasil, nos Jogos Pan-americanos, disputado no Rio de Janeiro, sendo que já haviam conquistado o ouro na final do Pan de Santo Domingo.
A presença feminina no futebol ainda busca uma afirmação no país do futebol. A maior dificuldade é tentar driblar o machismo, que é tão predominante na cultura brasileira. Em 2007, foi criada a Copa do Brasil de Futebol Feminina, que busca difundir o esporte no país e atrair novos talentos.
Uma das melhores jogadoras do Brasil, Cristiane, que nasceu em Osasco-SP e desde criança gostava de jogar futebol na rua de sua casa e, aos 15 anos, foi convocada pela primeira vez para a seleção brasileira. Ela foi a jogadora que marcou o gol que garantiu a medalha nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo. Hoje, a atacante é uma das peças chaves da seleção e foi eleita a segunda melhor jogadora do mundo, perdendo apenas para a compatriota Marta.
A melhor representante do futebol feminino nacional é a jogadora Marta, que foi considerada a melhor do mundo pela FIFA por 5 anos seguidos. Nascida em Dois Riachos-AL, mudou-se para o Rio de Janeiro com 14 anos em busca de um sonho. Jogou pelo Umea IK, na Suécia, onde obteve médias de gols impressionantes e foi eleita artilheira por quatro anos e melhor atacante em 2007 e 2008. Marta é a primeira mulher a jogar uma partida internacional de futebol masculino e foi eleita pela ONU, embaixadora da Boa Vontade. Sua trajetória é uma inspiração para futuras jogadoras.